domingo, 14 de setembro de 2008

Cinza

Pras cinzas eu volto, das cinzas eu vim
de onde não soube mais como a quem traduzir
De certo não vejo mais as cores do mundo
de um poema depressivo me resta as cinzas da vida
as cinzas que um dia passarão, e me transformarão em pura história
Do erro entrego-te ao acerto, do velho detenho-no com o novo
Mas, nada absolutamente nada, pode cerrar o cinza de meus olhos
Olhos que um dia iluminaram meu dia, de belos passaram
a lacrimejantes, pairando em lágrimas de sangue
e agora apenas cinzas, nada mais do que cinzas
Entrego-me ao vento, ainda que o mesmo não possa me sentir
deleito-me sobre a penumbra, a mesma que teimava
em traçar caminhos opostos a minha jornada
agora fiel companheira que me acolhe
Pois cinzas são os dias, cinzas são as noites, o cinza
agora minha cor, que ainda que cinza, não se modificou, pairou no tempo
mas que sabe que um dia, em um certo momento, transitará obscurecendo-se
de cinza voltando para o negro
Obscuro como a solidão...